(Luli e Alexandre Lemos)
Quem poderá dizer o que se oculta em mim
Cansado de viver dopado e de comer capim
Eu mesmo fiz a minha fantasia de pingüim
Eu sou a Colombina travestida de arlequim
Solitariamente lúcido
Nem opaco nem translúcido
Afônico, biônico
Pavorosamente cômico
Sou eu o meu algoz
Que me crava o seu cinzel
Me rouba a luz do sol
Me amarra em seu dossel
Eu como estrelas subterrâneas
E vomito girassóis
Deuses meteóricos
Profetas metafóricos
Sofistas e teóricos
Pisoteiam meu jardim
Sou pato, lobo bobo
O que será de mim
Monalisas, pitonisas
Analistas de sistemas e de almas
Batem palmas no silêncio do metrô
Aleluia, aleluia
Jesus Cristo se matou
Tudo estava previsto
Alalaô
O algoz em mim me diz
Sei como, quando e onde tu te arrastas
Venerando as Ninfas e as Jocastas
Eu bem que te avisei, tu não te bastas
Tu precisas das ordens e das castas
O algoz em mim me diz
Careces das coisas mais nefastas
Ai, nossas verdades são tão vastas
Sofres mesmo quando te afastas
"Papai e Mamãe são pederastas"