(Alexandre Lemos)
Tudo em volta o que se vê
Cada razão, cada porquê
Cada passo, cada traço do processo
A desordem do progresso
E o retrocesso do caos
Na contagem dos tesouros
A canastra que é de ouros
E o curinga que é de paus
Entre nós, entre vocês
Quem mantém a lucidez
Sob um sol senegalês de mais de quarenta graus
Tudo em volta o que se tem
Cada tostão, cada vintém
Cada fosso, cada osso do esqueleto
Cada branco, cada preto
No coreto da nação
Na contagem das riquezas
Uma mina de tristezas
E um cascalho de canção
Entre vocês, entre nós
Quem escuta a própria voz
Quando o Mágico de Oz ruge mais do que o leão
Tudo em volta o que se quer
Cada varão, cada mulher
Cada cio, cada fio da navalha
Deus me guarde, Deus me valha
Na batalha dos heróis
Na contagem dos martírios
Deus me livre dos delírios
Onde um é mais que dois
Entre todos os mortais
Quem é lúcido demais
Deixa o limbo para trás e o Éden pra depois